quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Amigos - melhor tê-los do que perdê-los

Ontem, assisti um filme chamado Mulheres... Sexo Forte e achei muito interessante a temática em si do filme. Quatro mulheres, quatro amigas, sendo uma solteira de meia idade que só pensa em manter o emprego dos sonhos e por isso abre mão de filhos, namoros, chegando ao ponto de trair a confiança da amiga para garantir seu lugar no trabalho e, claro, fica sem o emprego, mas ganha o perdão da amiga porque amigos perdoam. A outra, de tanta desilusão com os homens passa para o lado de lá e se assume lésbica. A terceira parece daquelas que vive em um mundo que não existe. Mãe de quatro crianças (escadinha), começa o filme engravidando da quinta porque quer tentar um menino. Estilo "sempre cabe mais um". E a última, a artista principal, casada com uma personalidade importante do mundo financeiro de NY, podre de rica, desenha roupas para a loja do pai, dessas lojas que não dão lucro, mas que é o que ela gosta de fazer. Ao mesmo tempo mesmo sendo esposa de milionário, não tem uma brecha para ir na manicure ou dar um jeito no cabelo, anda com roupas que parecem ser compradas em mercado das pulgas e com direito a galochas de borracha, porque ela é quem planta as alfaces que come, ela que coloca o piso do banheiro quando tem reforma, essas coisas que só as mulheres americanas fazem porque são super-mulheres. Um dia, ela vai à manicure, na SACS da Quinta Avenida (não sei por que ela não faz as próprias unhas e corta o próprio cabelo, já que é a Mulher Maravilha, mas, enfim, já que é pra outras fazerem, vamos logo na SACS e não no salão de beleza da esquina...) e descobre pela profissional fofoqueira que o marido a traía com a moça que vende perfumes na mesma loja. E o filme se desenrola. O final é muito bom e bem ao estilo americano de dar tudo certo para todo mundo. 

A filha da ricaça, que faz tudo em casa, não tem tempo de conversar com a mãe que está sempre ocupada. Por isso, adivinha com quem ela tira suas dúvidas sobre tudo? Com a amiga da mãe que não quer filhos porque não pode perder o emprego, nunca se casou e nunca soube como lidar com crianças além de nunca ter tido uma relação sólida para saber as venturas e desventuras de uma vida amorosa. A menina não come, mas fuma escondido porque o cigarro tira a fome e emagrece. Não preciso dizer que a menina era magra quase esquálida! Mas, ela segue os rígidos padrões ditados pela moda: todo ser humano feminino tem que ter medidas de modelo, isto é, tem que se vestir usando uma roupa de uma única listra. Se usar duas listras, está gorda! Tem uma cena onde, num almoço, uma modelo, faminta, está num mal humor terrível e sua namorada, a amiga lésbica, justifica dizendo ser fome. De repente, elas procuram a Natasha (toda modelo tem que ser Natasha?!) e esta aparece comendo, disfarçadamente, uma folha de guardanapo com um copo d'água. Trágico se não fosse cômico, mas é isso que acontece. Bom, numa resumida básica, a ricaça resolve colocar o marido para fora, mas seguindo conselhos da mãe, que dá a entender que toda mulher é chifruda de nascença, começa a fazer ciúmes para o marido com o objetivo tê-lo de volta porque "as amantes, seja lá quantas forem e vadias por natureza, passam e a família sempre prevalece"! A filha resolve mudar o visual, dá lição na fofoqueira que, por sua vez, conta tudo para a amante - fofoca é uma minhoca que se torna uma anaconda e devora, consome e mata - e dá seus primeiros passos rumo ao estrelato como estilista consagrada. E todas, inseparáveis, com todas as traições, conflitos, falta de diálogos, participam do parto do menino tão sonhado (sendo hilária a reação da amiga homossexual ao ver um o bebê nascer!).

Em seguida, eu vi o filme Sex and the City onde, quatro amigas inseparáveis, dão todo o apoio à personagem principal, Carrie, que foi deixada no altar pelo seu grande amor, o Big. O apoio foi tão grande que elas vão para a lua de mel com a Carrie e tentam, de todas as formas, fazê-la voltar para à vida. E entre trapalhadas, cenas divertidas da Samantha, a dúvida se reatar o casamento ou não de Miranda e a gravidez tão sonhada de Charlotte, o filme se desenrola, a vida segue, o amor acontece e o principal, a amizade é o ponto de apoio de quatro pessoas que passam por tudo, juntas, graças ao companheirismo, à cumplicidade, ao amor que cada uma sente pela outra. 

Não me lembro em qual dos filmes ouvi uma frase que me marcou muito. A frase era mais ou menos assim: "Estou com medo de estar vivendo a Síndrome do Membro Fantasma. Você perde um pedaço importante do seu corpo, mas sente como se ele, ainda, estivesse lá."

Em ambos os filmes um homem teve o poder de acabar com uma relação e fazer com que a mulher que lhe dedicava não só amor, mas os seus melhores momentos, sentimentos, pensamentos, sonhos e como se não bastasse, continuava ali, fosse na traição que não cura a dor da ferida, na falta de caráter de dizer, pessoalmente, que tinha medo de compromisso, na mágoa que ambos causaram com direito à dor, a perda de auto-estima, de achar que uma parte de si tinha sido arrancada, menos a maldita memória e lembrança... E, seja em qual for o filme que essa frase foi dita, graças a amizades sólidas, a heroína principal saiu do outro lado.

Eu recomendo os dois filmes se vocês quiserem rir, pensar, mas principalmente, se desejarem saber como a vida muda e como fazer para tomar as rédeas desse trem desgovernado que ela se torna. Claro que não são filmes cheios de questionamentos psicológicos, muito menos de auto-ajuda. Eu diria que são filmes gostosinhos que, nas suas comicidades e cotidianos fantasiosos, pelo menos, fazem a gente ver que essas coisas são normais, estão aí sendo retratadas com doses de humor e que o que nos salva, no frigir dos ovos, são as nossas amizades, aquelas que se dedicam a nós! Não importa o que possam pensar os outros, os verdadeiros amigos largam tudo para nos ajudar a sair do buraco. Os amigos têm sempre um espaço em suas vidas e agendas lotadas para nos resgatarem, nos consolarem e nos mostrarem o quanto somos importantes para elas e para nós mesmos. Quem tem amigos, deve saber conservá-los. Quem tem amigos, deve sempre pensar em não magoá-los porque a vida é efêmera, as relações mudam, acabam, são traídas, voltam ao zero para serem recomeçadas... E o que fica, depois de um turbilhão, são os amigos de verdade.