terça-feira, 3 de abril de 2018

Amor Virtual

Você já amou alguém em megabytes?
Imaginem que coisa boa, poder sentir seus fios esquentando,
Os filamentos se ligando todos ao mesmo tempo,
Quando do outro lado da tela,
Você lê um oi do computador amado!
Nossa, que frio na minha placa mãe!
Imediatamente, mas sem querer,
Digita a mensagem errada porque esbarra com o dedo
Numa tecla que não deveria!
Ah, que banho de água fria!
Ele, do outro lado, coloca um bando de interrogações!
Aí, você sente seu processador a toda e,
Meio que pedindo desculpas pela falha de programação,
Diz que está pronta para uma teclada mais forte!
Ele diz, então, que seu disco está cada vez mais rígido!
E escreve que sente uma coisa, uma espécie de tensão,
Coisa que jamais sentiu por uma mulher
De carne e osso!
Os e-mails vão ficando mais longos,
Picantes, sem controle!
Parece um vírus que toma conta e
Deleta de sua memória o que é sentir ao invés de viver!
E ele manda fotos de seu PC em ponto de bala e
Ela manda foto de sua webcam desgovernada,
Afinal, ambos perderam a noção do espaço virtual que os une!

Que triste...
Isso tem sido uma constante no mundo virtual.
O amor de carne e osso substituído por uma placa de metal
Um teclado, uns códigos secretos, uns sons estranhos...
E eu me pergunto:
Onde foram parar o romance e o contato físico?
Onde está a verdadeira paixão que unia corpos e amantes de verdade?
Onde foi parar a contemplação serena do pós-gozo?
Quem mudou a forma de amar?

Sei de uma coisa: Já sonhei com amores virtuais!
Sim, não me nego ao conhecimento,
Mas vi que o futuro não compensa.
E me curvo ao passado!
Prefiro suar frio ao olhar nos olhos,
Tremer de êxtase quando nossos corpos se encostarem,
Saber que depois do amor, você é real e está do meu lado,
Juntamente com seu cheiro, seu hálito quente, seu corpo reconfortante...
E a certeza de que nenhum pique de luz sem um estabilizador
Irá interromper nosso romance antiquado...
Natural...
E real!




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