quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Consequências de um bom divã


Se você não viu o filme O Divã, com a maravilhosa e impagável Lilia Cabral, está perdendo uma grande oportunidade de se ver em sua própria história de vida, seja ela agora ou futura. Porque, sim, o filme retrata uma mulher real, que existe em nós ou que convive conosco.

O filme enfatiza bem nitidamente que para mudar é preciso dar o primeiro passo. Seja qual for a mudança, seja qual for o tamanho do passo. Mudar é preciso. Seja num repicado de cabelo, numa roupa, numa relação. Não importa o grau de complexidade da mudança. O primeiro passo é tudo.

Outra coisa marcante foi à relação de amizade da personagem da Lilia, Mercedes, e sua amiga fiel. Gente eu me peguei pensando "Que bosta! Não tenho amiga assim!" Sabe aquelas amigas inseparáveis que você pode contar para rir e chorar junto? Isso todo mundo tem. Eu não... Menos ainda uma amiga para pagar mico junto. Isso, só mesmo aquelas duas! A cena da discoteca, onde a Mercedes pinça a coluna e para não perder a classe, as duas dançam tal qual duas macumbeiras em terreiro é impagável!

Sei que recomendo o filme como uma análise de vida. Não recomendo analista, afinal quem sou eu para dizer que alguém precisa de ajuda! Mas, recomendo ver o filme para que possa ver se, agora ou futuramente precisaremos nos sentar num divã e dar o primeiro passo, se expor em detalhes para melhorar sempre na busca da felicidade.

Deixo aqui alguns pensamentos que anotei durante o filme. Acho que, ao ler estas frases, vocês passarão numa locadora:

Essa é mais básica do que azulejo branco.

Quem fala que fulano é a metade da laranja de beltrano... Esse papo de achar a metade da laranja... Me diz uma coisa, já ouviu alguém perguntando "O que você quer ser?" e a pessoa responder "Uma laranja!"?

Assédio Sexual só acontece quando o homem é feio.

Ser mãe é envelhecer no paraíso.

Agora ela fala do meu fígado e do meu pâncreas se eu bebo demais. Antes, falava das minhas coxas, minha bunda... Puxa, isso que eu chamo de amar o interior da pessoa!

Mulher não resiste a um amor impossível.

Um homem diz que você é linda, maravilhosa, se você tem 20 anos de casada e o miolo mole, você acredita, não acredita? Claro que acredita!

Ao invés de "enfim, sós" ele me disse "enfim, juntos". Nesse dia, soube que seria feliz para sempre.

Quando o homem se separa precisa saber quem é de novo. Aí, ele precisa de uma mulher jovem e gostosa para apresentá-lo a si mesmo.

Quantos anos ela tem? Ah... Entre 55 e a morte! Mas ela fez tanta plástica que de cearense de nascida, agora ela é nissei!

O fim nunca é bom. Se fosse bom seria um começo.

Depois dos 40 anos, tudo despenca... Menos a gengiva, que sobe... Retrai.

O fundamental a gente nunca fala... Aí, a pessoa morre sem saber que era uma fofa, uma baita amiga, ímpar.

Se eu tiver problema um dia, não foi por falta de necessidade.

Essa última frase me marcou e não sei por que. Mas, com certeza, quem escreveu precisou descobrir-se. E ao descobrir-se, viu que a vida não é uma receita de bolo, é uma transição diária que se vence com nossos desalinhos e que se aceita fácil nossas irrealizações. Para isso, precisamos dar o primeiro passo.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Platônico


O que tinha de ser
Foi sem ter sido.
O que tinha de viver
Morreu sem ter vivido.
Assim, platônico
Morreu meu amor que
Atônito
Descobriu-se ser,
Irônico,
Um mero nada.
Também pudera, amar de novo
A pessoa errada!
Ah, eterna sonhadora
Amante enamorada,
Coberta de devaneios
De raios de sol brejeiros
Que se bastavam.
Como você me bastaria
Se não fosse mera utopia
De uma felicidade sem fim.
Sim, foi isso que você foi para mim.
Um romance platônico,
Sem começo, sem meio,
Mas com um triste e doloroso
Fim!

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Espelho, espelho meu...


As coisas nunca foram simples na minha vida. Passei por muitas situações adversas e tive que superar (ou tentar superar) muitos complexos. Quem pensa que ser magro para ser considerado perfeito é ditadura de moda recente está enganado. Enfim, depois de muito lutar com a balança, eu acabei desistindo. Ela venceu por nocaute! Sou o que sou e como Gabriela já dizia “eu nasci assim, eu cresci assim, eu sou mesmo assim, vou ser sempre assim... Andréééaaaa” .

Sempre fui uma pessoa carente graças a essa maldita ditadura. Sempre suei para conquistar as pessoas e nem suando eu perdia peso! Para ser aceita eu era a palhaça do grupo ou, como me chamaram, o bobo da corte! Para sair com a turma, como qualquer jovem, eu era a vela de confiança, afinal era a única que tomaria chá de cadeira e poderia dar um fiel relatório do comportamento das minhas amigas gostosonas para os pais. Vida malvada.

Cresci carregando o meu peso e mais o desse fantasma que me perseguia. Aprendi à duras penas a conviver comigo e meu espelho, mesmo ele me mostrando a verdade nua e crua e olha que ver essa verdade nua era barra! Eram tantas as dobrinhas... Tive dificuldades de relacionamentos por causa dele. Tinha medo de que os futuros candidatos a pretendentes conhecessem meu espelho e, com ele, a verdade que eu disfarçava como podia usando roupas largas.

Os anos passaram, eu aprendi a conviver com ele apesar de não nos darmos bem até hoje. Se fosse só com o meu físico eu não estaria tão revoltada. Mas esse maldito me fez não dar valor, também, a mim diante de uma relação. Ele abalou as minhas estruturas internas. Ele acabou com o meu eu interior. Autoconfiança é uma expressão que não existe no meu vocabulário graças à reforma gramatical que esse espelho fez por conta própria na minha vida. Eu tenho medo de perder as pessoas, de ser trocada, de ser esquecida ou qualquer coisa parecida. Afinal eu passei minha vida sendo preterida por barriguinhas perfeitas e bumbuns arrebitados. Meu cérebro era, e ainda é magro, mas quem tinha ou tem visão de Raios-X? Meu coração é um doce que não engorda, mas pelo visto enjoa. Eu tenho o poder de repelir! Eu afasto, eu irrito, eu consigo acabar com qualquer coisa por puro medo de perder! Olha que coisa mais absurda: meu medo de perder é tanto que eu perco a pessoa por isso! Inaceitável, inconcebível, inacreditável, mas verdadeiro.

Conheci uma pessoa. A pessoa dos meus sonhos mais secretos de infância. Aquele que você espera numa armadura e montado num cavalo branco de crinas esvoaçantes. Tudo nele me encantou e, como sempre, eu achei que ele não olharia para mim. Mas, ele olhou e se aproximou. Foi tudo tão lindo, tão perfeito que nem o conto de fadas mais moderno poderia ser contado de forma mais gostosa. Mas, meu medo de perdê-lo começou a bater e a insegurança foi mais forte do que a fé no meu taco. O que era para ser maravilhoso, grandioso, o amor mais amado depois de Romeu e Julieta, Peri e Ceci, Cinderela e o Príncipe, Shrek e Fiona se tornou uma história sem fim típico de cinema. Não deu bilheteria. Não teve Ibope.

E o pior é que eu estou sofrendo como condenada por conta disso. Estou entregue às baratas. Nem mesmo o meu arqui-rival espelho tem visto meus contornos. Nem mesmo ele tem coragem de ver as lágrimas que não param de rolar porque ele sabe que a culpa desse meu fracasso é dele. Ele sabe que ele poderia ter sido mais amigo e ter mostrado que meu interior era muito mais atraente ao invés de me comparar com aquele bando de mulher gostosa. Ele poderia ter dito que meu coração era muito mais importante do que um par de belas pernas torneadas. Ele poderia ter plagiado o filme Shirley Valentine me dizendo que celulites são covinhas produzidas pelas muitas gargalhadas que já dei na vida. Mas, não. Ele me fez uma pessoa que já entra na relação se sentindo a última, o cão chupando manga, um fracasso! Ele me fez, sempre, a pessoa que é a trocada por qualquer outra! Ele me fez sentir que sou ninguém!

E sendo essa ninguém que sou hoje, eu reconheço que na ânsia de amar o meu príncipe e, principalmente, ser amada por ele, eu enfiei os pés pelas mãos. Pedi, implorei, supliquei para ele me notar. Fiz loucuras de amor. Apelei para a pena. E nada disso era preciso. Não preciso lembrar para ninguém que, realmente, me conhece um pouco que sou uma pessoa boa. Não preciso que sintam pena de mim. Se ele não tem tempo para me notar, não é porque sou feia por fora. É porque não soube ser linda, o suficiente, por dentro para me tornar inesquecível. E por mais que eu tente me fazer presente, não se pode ver aquela pessoa que não existe...

É, espelho, espelho meu! Assim como eu, devem existir várias pessoas que você transformou nisso que sou. Além de mim, você já sabe que não sou ninguém! Tudo isso graças a essa sua obsessão doentia em me tornar o que não sou. Tudo isso por me fazer insegura como ser humano quando eu poderia ser simplesmente, eu, feliz sendo assim... Andréééaaaa! Você conseguiu fazer sentir que sou incapaz de fazer alguém olhar para mim e, somente, me amar como sou, sem eu ter que forçar a barra! Obrigada por mais essa na minha vidinha sem sal, sem açúcar e sem gosto.


Aliás, essa minha vida é a tão sonhada dieta que você tentou me impor ao longo de todos esses anos! Parabéns, você finalmente conseguiu!


domingo, 11 de outubro de 2009

12 de Outubro é dia de renovar o que deveria ser eterno...


Bola de meia, bola de gude, boneca de pano, Susie, velotrol, bicicleta com rodinha, rolimã, quadro negro, pique-pega, subir em árvore, escorrega. Manda chuva, Guarda Belo, Flintstone, Jetsons, Herculóides, Jeanne é um Gênio, Feiticeira, Mickey, Pateta, Donald, Patolino, Perna Longa, Gaguinho, Gordo e o Magro, Os Três Patetas, Nacional Kid com os Incas Venuzianos e o Celacanto provoca Maremoto, Super Homem, Zorro, He Man, She Ra, I love Lucy, Elvis Presley, Folias na Praia, Piu-Piu, Frajola, bricar de pular corda, pular elástico, amarelinha, costruir cidades com bloquinhos de madeira, brincar de casinha, panelinha, ser mãe da bonequinha favorita, desenhar atrás da porta e culpar o irmão que não existe porque é filha única e ficar de castigo, ter medo de escuro, andar de balanço, dormir ao som de uma canção de acalanto, jogar queimado, bater nos meninos, chicotinho queimado, telefone sem fio, passa anel, passa passa galinha arrepiada, deixa eu passar, tomar banho de chuva, lamber a tigela de massa de bolo, bricar escondido com o cachorro que insistem em lamber seu lanche, salada de fruta de 22 frutas -11 laranjas e 11 bananas - bico de pão com leite condensado, sábado lanchar na casa da vovó, domingo ir ao Campo de São Bento, durante a semana poder tirar um soninho depois dos deveres de casa, até a hora dos Batutinhas, cair, machucar o joelho, ganhar um colinho, passar o batom da mãe se olhando no espelho, querer ser professora, bailarinha, atriz, cantora, cabeleireira, secretária, mãe, dona de casa, poder ver a TV até tarde, sem que o sono vença, ir ao cinema ver Branca de Neve, ET, brincar na praça, quermesse e carnaval de rua, primeira comunhão, colégio de padre, português, matemática, massinha de modelar, pular o muro do vizinho, cair de cara no chão, rir, gargalhar até ter dor na barriga, comer bombom, tomar sorvete e se lambuzar toda para comer, por fim, a casquinha, bala Boneco, Frumelo, medo de dentista, achar uma moeda debaixo do travesseiro quando caiu o primeiro dentinho que foi doado para a fada do dente, entregar a chupeta para o coelhinho da páscoa, esperar Papai Noel mesmo que morando em um apartamento pequeno e sem chaminé, balanço, piscina com bóia de patinho, praia e castelos de areia, achar tatuí na beira da praia e colocá-lo na mão para fazer cócegas, as mesmas cócegas que papai e mamãe faziam na minha barriga até eu perder o fôlego de rir, deitar no colo de meus pais e me sentir querida, segura, feliz. Essas são as poucas de muitas lembranças que tenho do que era ser criança há muito, muito tempo atrás...!!!

Hoje, vejo cyber crianças em seus cyber mundos de cyber monstros que lutam contra super poderosos defensores da galáxia como Power Rangers, Medabots, Yugi Oh, ou cyber defensores criados por cyber computadores que ultrapassam os limites do real e do imaginário. Vejo meninas que querem ser moças com apenas 6 anos de idade e que acham que namorar é coisa ultrapassada, o negócio é "ficar". Tão bom seria que todas as crianças pudessem saber, fosse através do "velho", como foi na minha infância, fosse através do novo, com a cyber evolução da infância, o que é, realmente, ser criança! Ser criança é ter o direito de chorar, de rir, de não sentir fome, frio, sede ou dor. É ter uma cama quente, um teto seguro, um lar onde seus pais mostrem o quanto a amam, onde o carinho e a felicidade sejam parte de seu dia e de seu aprendizado, mesmo que seja uma casa simples, de pau a pique e sapê. Ser criança é poder estudar, é poder brincar, é poder escolher o lado do bem, seja ele, através de Mickey, Piu Piu e Frajola, Tom e Jerry ou de Power Rangers, Hulk e Homem Aranha.

Ser criança e poder desenhar castelos, é viver esperanças e acreditar no futuro. Ser criança não é ver criança morrendo de fome, não é ter que entender política e interesses econômicos que preferem matar a ajudar um povo sofrido, é não ter que entender palavras como racismo, terror, é não ver milhares de famílias dizimadas em guerras feitas por adultos que não sabem nem o porquê de estarem guerreando! Ser criança não é ter que ver outras crianças num lugar distante, como a África, parecendo cadáveres em vida, cercadas de mosca, miséria e morte. Ser criança não é ver escolas invadidas por adultos insanos que lutam por causas perdidas e executam pequenos seres que, sequer, tiveram a chance de crescer para entender o que, na verdade, não se entende. Ser criança não é ter medo de fazer castelos de areia na beira da praia e, de repente, passar um arrastão ou ser atingido, num parque, por uma bala perdida. Ser criança não é viver nesse mundo que tentamos melhorar mas, que fica sempre na tentativa porque o que ensinamos é que ter é mais importante que ser. Ser criança é crescer sem medo para ter a coragem de mudar, de fazer, de realizar, de tornar concretos todos os sonhos que existem dentro de cada um de nós. Ser criança é nunca deixar o adulto tomar conta de todo o espaço que existe dentro do nosso coração e de nossa mente. Ser criança é se sentir tão ou mais importante que qualquer coisa porque ser criança é a imagem e a semelhança do futuro.

"E o futuro, é uma astronava, que tentamos, pilotar. Não tem tempo, nem piedade, nem tem hora de chegar. Sem pedir licença, muda nossa vida e depois convida a rir ou chorar. Nessa estrada, não nos cabe conhecer o que virá. O fim dela, ninguém sabe, bem ao certo onde vai dar. Vamos todos juntos, numa passarela, de uma aquarela que um dia em fim, descolorirá!".
Mesmo que em cores apagadas, que o mundo não perca a sua cor e sua alegria, traduzidas no sorriso franco e sincero de uma criança! Feliz dia da criança que existe em cada um de nós!


Para meu filho que neste dia abençoado completa mais um ano de vida, toda felicidade do mundo!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Ame-se ou deixe-se!


Em uma letra dessas que podem ser consideradas brega, existe uma frase que é dita por uma mulher, mas que na minha cabeça pode-se dizer assexuada: "Sou uma mulher, preciso ser amada!" Ou seja, quando digo assexuada, quero dizer que o ser humano precisa de amor para viver.

Não falo de sexo, falo de amor. A letra, muita bem feita, de Amor e Sexo de Jabour define as diferenças entre ambos. O que falo aqui é de um amor muito maior, que não exige o sexo como princípio, meio ou fim para um relacionamento. É aquele amor que precisamos para nos sentir vivos.

Conheço pessoas que querem mudar suas vidas. Pintam seus cabelos, mudam seu guarda-roupa, cortam hábitos, adquirem outros, dedicam-se a cultuar o que antes era o avesso de suas vidas e, felicidade que é bom e amar-se que é melhor, não conseguem, apesar de toda a radicalização. Uns, se fecham em casulos, morrem em busca de um amor que não existe. Porque o amor só existe se você for capaz de se mostrar e não temer as conseqüências do que ele traz.

O amor dói e enlouquece. O amor exulta e enaltece. O amor amargura e envelhece. O amor, um dia, acaba e se esquece. E em seus casulos, nada os oprime nada os divide nada os molesta nada os agride. O amor não escolhe idade, data, hora, nem lugar. Ele aparece assim como a chuva ou como o sol, ele nasce, ele cresce, ele frutifica, ele morre e ao mesmo tempo, ele continua, parado, guardado em algum lugar de nossas almas, residindo onde moram a saudade e a recordação. O amor esquece o que é são e do que realmente importa: amar-se antes de tudo para poder amar depois. Feridas se abrem e ficam expostas assim como nossa razão perde o bom senso e a vida perde o sentido. As forças se acabam, as cores perdem o brilho e se acinzentam como um dia que não tem calor, nem frio, um dia nublado, como nossa alma tumultuada e perdida em sombras. Tudo porque nosso amor se quebrou, rachou, partiu e acabou.

E nós, onde terminamos depois que o que chamamos de "o amor de nossas vidas" chega a um fim inesperado e diferente do que foi sonhado? No fundo do poço? Nas entranhas e profundezas do pior dos piores seres? O que somos? Somos, simplesmente, nada? Descobrimos que nunca fomos alguma coisa para alguém? Foi só isso? Tão pouco por tanta coisa dada, revelada, sentida e profanada?

Só seremos isso, esse pedaço de carne sem sentido, no dia em que deixarmos de entender que nós somos nossos maiores e melhores amantes. Somos a força que nos move, a vontade que nos alimenta, a luz que nos guia. Nós somos o nosso próprio prazer! Para aprendermos a amar terceiros, temos que amarmos a nós mesmos, antes de tudo, com a garra de um primeiro amor e com a certeza de que é o último que será vivido, para todo o sempre! Para sermos capazes de nos doar, precisamos aprender a receber, de nós mesmos, nosso amor próprio. Precisamos saber cuidar de nossas feridas, a conviver com o tempo e a sapiência de seu remédio. Temos que nos querer muito, muito mais que supomos querer qualquer coisa ou alguém.

No dia em que formos amantes de nós mesmos, descobriremos, que nem todos os amores são eternos e tão lindos como o nosso. E, quem sabe assim, passemos a entender o porquê de muitas relações naufragarem, porquê de muitas discussões sem sentido, porquê de muita dor desnecessária, e porquê de não sermos capazes de assumir nossos erros pequenos, feitos grandes, pela nossa incapacidade de saber como é grande nosso amor, por nós mesmos.

Seque sua lágrima, volte a viver. Hoje é hoje, nublado e cinza. Deixa a luz do sol banhar seu rosto e iluminar seu horizonte. Não tema a dor, não se cale diante dela. Mas, não deixe de ter em mente que existe uma pessoa que lhe ama mais que tudo: VOCÊ!


(Eu falo isso na tentativa de acreditar nessas palavras, mas confesso que estou sofrendo de amor... E, por ora, eu não me amo... Me odeio!)

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Quero ser criança


Hoje senti saudades de ser criança e poder ficar horas a fio olhando para o teto, pensando o que eu quero ser quando crescer.

Quero ser bailarina, viver num mundo de sonhos e magia, ser leve como a pluma e me deixar levar por uma bela canção escrita há séculos por um homem qualquer que amava, loucamente, a namoradinha de um amigo tuberculoso seu.

Quero ser médica e salvar todas as pessoas assim como salvei as minhas bonecas. Consertando pernas, tapando buracos com massinha cor da pele, dando comidinha quente e aconchego, coisas que na minha visão infantil são o verdadeiro remédio: carinho e atenção.

Quero ser professora e ensinar as pessoas a ler e a escrever. Assim, ninguém irá chamá-las de ignorantes ou tratá-las como tal. "Quando se tem o conhecimento, se tem um tesouro" - sempre ouvi minhas professoras e meus pais dizerem isso. Posso estar procurando, ainda, o meu pote de ouro, mas sabendo o pouco que sei, conheço bem o significado de dignidade, honestidade e honra. Acho que sou rica!

Quero ser freira e poder voar bem alto, que nem a irmã Bertrini, de A Noviça Voadora. Mas, também, só por essa razão, pois eu gosto de paquerar os meninos de short e calças compridas e, os padres, até onde sei, usam saias como eu!

Quero ser adulta e poder trabalhar como balconista de alguma loja legal, como a Casa das Linhas para poder gritar o valor da compra e o quanto que estariam pagando. Ou, quem sabe, trabalhar no escritório onde minha mãe e meu pai trabalharam e ser uma importante “chefe de qualquer coisa”.

Mas, espera aí... Eu disse que eu queria ser criança para poder ficar horas a fio, pensando no que eu quero ser quando crescer... Só que eu sou grande, não salvei vidas, não ensinei ninguém a ler ou a escrever, não voei como freira, não trabalhei em loja, nem fui chefe de nada!

Quero voltar a ser criança para ver se recupero o mais belo que existe no ser humano, e que me faz uma falta danada: a inocência cega!

Quero voltar a ser criança e, simplesmente, ser feliz!

(Obs: Foto da autora quando tinha lá pelos seus 3 anos de idade... Nem me lembro mais!)