quarta-feira, 11 de abril de 2018

Verdades e Mentiras


Ela fala
Ele corrige
Ela sorri
Ele fecha a cara
Ela se aquieta
Ele se agita
Ela anseia
Ele cogita
Ela se acalma
Ele se irrita
Ela se impõe
Ele se opõe
Ela diz que o ama
Ele só reclama
Ela o seduz
Ele, sequer, deduz
Ela é doçura
Ele é amargura
Ela é candura
Ele é tortura
Ela é mel
Ele é fél
Ela é oposto
Ele é desgosto
Ela é feitiço
Ele é omisso
Ela é razão
Ele é tesão
Ela desiste
Ele insiste
E assim, verdades e mentiras são vividas
Dia após dia
Nessa relação insana,
Mundana,
De corpos que se querem e se rejeitam
Que se vestem e se despem
De amor e desrespeito.
Não existe cumplicidade
Resta apenas saudade
Daquilo que podiam ter sido.
Lembranças opacas
De imagens turvas
De uma relação
Que não esboçou, sequer, reação
Para sobreviver
Para se lembrar
Ou para se esquecer!

terça-feira, 3 de abril de 2018

Amor Virtual

Você já amou alguém em megabytes?
Imaginem que coisa boa, poder sentir seus fios esquentando,
Os filamentos se ligando todos ao mesmo tempo,
Quando do outro lado da tela,
Você lê um oi do computador amado!
Nossa, que frio na minha placa mãe!
Imediatamente, mas sem querer,
Digita a mensagem errada porque esbarra com o dedo
Numa tecla que não deveria!
Ah, que banho de água fria!
Ele, do outro lado, coloca um bando de interrogações!
Aí, você sente seu processador a toda e,
Meio que pedindo desculpas pela falha de programação,
Diz que está pronta para uma teclada mais forte!
Ele diz, então, que seu disco está cada vez mais rígido!
E escreve que sente uma coisa, uma espécie de tensão,
Coisa que jamais sentiu por uma mulher
De carne e osso!
Os e-mails vão ficando mais longos,
Picantes, sem controle!
Parece um vírus que toma conta e
Deleta de sua memória o que é sentir ao invés de viver!
E ele manda fotos de seu PC em ponto de bala e
Ela manda foto de sua webcam desgovernada,
Afinal, ambos perderam a noção do espaço virtual que os une!

Que triste...
Isso tem sido uma constante no mundo virtual.
O amor de carne e osso substituído por uma placa de metal
Um teclado, uns códigos secretos, uns sons estranhos...
E eu me pergunto:
Onde foram parar o romance e o contato físico?
Onde está a verdadeira paixão que unia corpos e amantes de verdade?
Onde foi parar a contemplação serena do pós-gozo?
Quem mudou a forma de amar?

Sei de uma coisa: Já sonhei com amores virtuais!
Sim, não me nego ao conhecimento,
Mas vi que o futuro não compensa.
E me curvo ao passado!
Prefiro suar frio ao olhar nos olhos,
Tremer de êxtase quando nossos corpos se encostarem,
Saber que depois do amor, você é real e está do meu lado,
Juntamente com seu cheiro, seu hálito quente, seu corpo reconfortante...
E a certeza de que nenhum pique de luz sem um estabilizador
Irá interromper nosso romance antiquado...
Natural...
E real!




segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Sexo à Flor da Pele

Não sei se é impressão minha mas tudo cheira a sexo hoje em dia. Nada em que possamos pensar não traz um Q de malícia e sexo, mesmo que seja de forma sutil, como esses assuntos deveriam ser tratados. Ontem, abri uma revista, destas que vem junto aos jornais de Domingo, e reparo que três das quatro matérias em destaque tem o sexo como tema. Não que eu não goste, pelo contrário, sou adepta, mas me senti meio que em um ambiente de aplicativos de cunho sexual! Tudo é tão compartilhado...!!! 

Não perdi tempo nas manchetes, partindo, direto, para as reportagens. Logo na primeira entrevista, um astro de nossa música é perguntado sobre diversos temas e, claro, o fim não poderia ser outro: sexo, do tipo, como, onde, quando e com quem gosta de fazê-lo. Falou-se, tão inteligentemente, de religião, gostos, costumes, racismo e, claro, saber como ele faz sexo não poderia faltar. O que me interessa isso... Por que as revistas pensam que eu me interessaria em saber as preferências sexuais deste ou daquele cantor... Mudo a página e começo a ler aquelas perguntinhas dos leitores. Eis que me deparo com uma pesquisa que mostra que 52% das mulheres britânicas acordam sedentas por uma xícara de chá ao passo que somente 2% destas sedentas por sexo. Com os homens, o negócio não varia muito, mais da metade prefere os prazeres (brochantes!) do chá aos prazeres da carne. Diria, nem tanto ao mar, nem tanto à terra! 

Vou continuando meu passeio e me pergunto se peguei a revista certa pois, a sensação é que leio artigos de Playboy ou da antiga Ele e Ela. Mas, não! Trata-se de uma revista destinada a leitores de todas as idades, tipo assim, revista para toda a família. Essa minha mente, adubada, logo imaginou uma cena de sexo grupal em família, o que me deu calafrios! Mas, como sou teimosa, fui levando minha leitura, posso dizer que, nada excitada, diante as perspectivas de aprender detalhes íntimos de um bom sexo grupal de cunho familiar. 

Respira-se sexo em todos os momentos e isso está se tornando uma coisa tão banal que, confesso, me assusta. Principalmente, porque sou mãe de dois meninos, futuros homens, que terão que provar sua masculinidade por questões de quantidade e não qualidade, caso contrário, estarão fadados ao insucesso, segundo as pesquisas londrinas citadas acima. 

Numa época onde a AIDS avança a passos largos, onde meninas de dez anos ou pouco mais, estão tendo filhos, ao invés de brincar de bonecas, onde se duvida da paternidade de um ser humano devido ao excesso de parceiros, o sexo se tornou sinônimo de promiscuidade e uma coisa banal, assuntos de revistas semanais corriqueiras quando, na verdade, deveria ser tratado como item de esclarecimento geral nas áreas de saúde pública e bem estar social. É, humanamente, impossível educar uma criança, hoje em dia, sem que se falar de doenças sexualmente transmissíveis! Eu disse CRIANÇAS! Bons tempos em que se falava do lúdico, do amor entre um casal, posteriormente, em família e a sua formação e origem. Bons e idos tempos em que se educavam os filhos para respeitar as filhas dos outros! Hoje em dia, se eles não partirem para o ato, são chamados de bicha, isso quando não são atacados pelas meninas "de família" ou, a fim de formar uma, tão inconsequente como sua cabeça! 

Lembrei-me, nem sei porquê, de meu filho menor, todos os dias, me perguntava se eu queria ver seu pinto. Eu, brincava, pois minha vida corrida mal dá tempo para algo a mais. Ele, não satisfeito, me perguntava seu eu não queria ver o pinto dele que estava "dulo"! E, eu dizia que era porque ele queria fazer xixi, mas não satisfeito, oferecia uma troca: "- E meu "bundo", você quer ver..."

Pausa: como ele é menino, possui "bundo" que, segundo o "Orélio Familiar" é o masculino de bunda, coisa que só as meninas têm. 

Voltando: Também pudera! As revistas quando não falam do assunto com todas as suas letras, o fazem em suas fotos. Os anúncios são todos direcionados ao prazer infinito, quase orgasmático, que um sabão em pó pode proporcionar a um casal! Vender carro tem que ser à base de mulher de calcinhas sumárias e sutiãs minúsculos! Cerveja é sinônimo de mulher pelada e perfeitamente redonda! Até mesmo, desenhos animados, possuem mulheres estonteantes, semi-despidas, com os bicos dos seios entumecidos, gerando a curiosidade das pequenas mãos que passeiam por sobre nossas blusas a fim de ver se aqueles pontinhos existem nas suas super-mães, também. 

Fica difícil, muito difícil, educar nossos filhos da forma que gostaríamos de educá-los. Resta-nos acreditar em índole e princípios genéticos como aliados a fim de que possamos fazê-los ver, futuramente, o sexo não como banalidade, nem como fonte para sucesso, mas como uma coisa natural, de respeito e, principalmente, entre quatro paredes.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

27 Anos de Saudades


Hoje eu não vou escrever sobre nada que me aconteceu. Não vou discutir sobre os assuntos polêmicos que nos cercam dia após dia. Não parei e nem vou parar na Banca de Jornal do meu amigo da esquina para ler as manchetes que se repetem. Não vou criticar o Governo. Não vou falar da pobreza, da fome, nem mesmo discutir se a NASA vai encontrar vida em Marte. 

Vou falar de Saudade. Amar dói, mas a saudade dói mais. No amor, está meio que implícito que existem dois seres, o que ama e o que é amado. Na saudade, existe uma pessoa apenas, repleta de lembranças e imagens que não se apagaram com o tempo e que deixaram marcas profundas. Está faltando um pedaço de nós e de nossas vidas, pedaço arrancado do todo. Talvez, por essa razão, não exista a palavra saudade na língua inglesa. A forma que encontraram para defini-la é faltando (missing). 

Hoje, ao ouvir o rádio cedinho, escutei Iolanda de Chico Buarque e prestei atenção na letra que este compositor fez para sua mãe. Uma frase dita me tocou muito fundo: Se é para morrer quero morrer contigo... e a outra coisa que completaria essa frase marcante é que a solidão se sente acompanhada. Me peguei com as lágrimas escorrendo livres pelo meu rosto. 

Tudo isso, porque há 27 anos atrás, eu respirava aliviada, vendo meu pai saindo de um hospital e indo para casa. Um coração tão lindo e puro, havia brincado de querer parar. Mas, esse mesmo coração, vendo meu desespero de filha apaixonada, resolveu dar uma trégua e deixou que ele voltasse para o nosso cantinho. Quando ele chegou em casa, lembro-me que, repeti o gesto que sempre fazia deitando a cabeça sobre seu peito para ficar ouvindo as batidas de seu coração. Não sei se para matar a saudade daquele hábito que era só nosso ou se para me certificar de que ele estava, realmente, ali e que tudo não passara de um susto! 

Se eu via meu pai com os olhos de uma filha apaixonada, imaginem depois de um enfarte. Meu ídolo e maior amigo, meu filho, meu rei, meu guerreiro, minha luz. Pensem em qualquer palavra bonita e de força e ele, certamente, era isso para mim. Éramos uma dupla perfeita, a corda e a caçamba. Quando eu ia ele já voltava. Nós conseguimos transformar a nossa relação de pai e filha em uma relação de amizade, lealdade, sabedoria e cumplicidade. 

Dois dias depois, numa quinta-feira antes do carnaval, saindo de casa para trabalhar, dei-lhe um beijo e ele me disse, "- Fica comigo"! Eu brinquei que alguém precisava pagar as contas. Monitorava meu pai, pelo telefone, constatando que seu coração estava ativo. Meio-dia, falo com ele que me pede para comprar uma máscara de carnaval para sair no bloco dos enfartadinhos. Uma hora depois, sou avisada de que seu coração havia parado e de vez. 

Não sei como sobrevivi ao choque. Pensei em minha mãe, que estava com ele e seu desespero. Acho que isso foi o diferencial entre surtar e ter a calma que tive para voltar pro nosso cantinho e encontrá-lo lá, sem aquele sorriso nos lábios, esperando para me receber e me acarinhar. Ajoelhei-me ao seu lado e perguntei "- Por que!" Onde foi que errara, o que eu deixara de fazer! Por que não pude, pelo menos, dizer adeus ou até qualquer hora! Era toda a minha referência de vida que estava ali, sem vida, me deixando e sem me pedir licença, sem ter volta. Juro que olhei pro armário onde ele guardava um Taurus de calibre 38 e quase fiz uma besteira. Se era para morrer, eu queria morrer com ele. Mas, parece que ele me dizia que eu tinha que ser o homem da casa, cuidar de minha mãe que só me olhava desolada, tentando ser a fortaleza que sempre foi. Um, realmente, completava o outro. E eu, a partir daquele dia, teria que ser parte de uma dupla desfeita. 

Hoje, meu coração está apertado. Eu vivi a esperança de que iria dar certo quando o vi entrar em casa, andando. Por mais que passem os anos, a saudade, essa coisa doída demais, sempre me maltrata nessa época do ano. Descobri que a frase da música Iolanda que me tocou, ao falar que se é para morrer, quero morrer contigo, não precisa, necessariamente, ser a morte física. Uma parte de mim, se foi em fevereiro de 1991. Sou o que restou. 

Oh pedaço de mim, 
Oh metade arrancada de mim, 
Leva o vulto teu 
A saudade é o pior veneno 
É pior do que o esquecimento 
É pior do que se entregar

E eu não me entreguei, quase aconteceu, mas eu resisto dia a dia, só eu sei como é penoso conviver com uma ausência tão presente. 

Pai, 
Vem brincar de vovô com meu filho 
No tapete da sala de estar

E eu nunca verei esta cena...  


terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Baile de Máscaras













Você é Pierrot
Eu sou Colombina
Você é todo másculo
E eu, puramente, feminina.

Nossos olhos se encontram 
E, ao se cruzarem, brilham
Nossos passos descompassados
Se procuram e se trilham.

Nossos corpos trêmulos 
Se abraçam e se aquecem
Nossas bocas sedentas
Em um beijo enlouquecem.

Não vejo seu rosto
Como você não vê o meu
Mas meu coração reconhece o amor
Da mesma forma que o seu.




segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Dentro do carro, a cem por hora, meu amor...

Hoje, ao ouvir músicas no Taxi onde estava, fiquei saboreando estrofes como quem saboreia o manjar dos deuses. Ando com o estado de espírito debilitado e minha sensibilidade aflora mais do que nunca. Ao entrar no carro pensando na atividade rotineira para a qual estava indo, tive ímpetos de pedir ao motorista para que parasse o veiculo, pois eu queria descer... Me peguei querendo descer do mundo!

O santo motorista estava escutando um CD feito por ele e que me fez viajar nas palavras e frases, mas, principalmente, nas entrelinhas e nos meus anseios em resolver meus problemas.

A primeira música que me despertou os sentidos foi Léo e Bia, exatamente, na parte que diz que falar de amor requer maestria. Sim, o amor requer maestria, requer quem nos guie para que, juntos tenhamos a mesma vibração e sintonia. E Léo e Bia souberam amar! Eu... Eu, ainda, estou aprendendo a solfejar o amor. Talvez, eu demore um pouco, depois de descobrir, por exemplo, que não só os meus castelos nascem dos sonhos... E Léo e Bia souberam sonhar!

Logo eu, sonhadora de carteirinha, sindicalizada pelo Sindicato dos Eternos Amantes à Moda Antiga, vi que estou desafinando ou me especializando no famoso samba de uma nota só. Ando repetitiva, sem inspiração e, tudo isso, graças ao amor que tem andado mais para "paralelos do ritmo" do que uma orquestra.

Logo eu que não escondo o que sinto porque me denuncio, seja com um olhar, com à lágrima que escorre , com o sorriso sem brilho ou com a cabeça baixa! Meu silêncio tem o poder de dizer todas as palavras e meu pranto o de apagar os melhores sorrisos que dei, as lembranças do que vivi... Tudo isso porque  Sentimental eu sou... Eu sou demais!

Quero ser carne e unha, quero que meu coração bata forte em uníssono com o de meu amado até confundirem ou se fundirem num só. Assim como nossos corpos que são duas forças que se atraem, quero voltar a viver sonhos lindos e, principalmente, concretizá-los. Mas, me falta uma coisa: falta-me ser e agir como Léo e Bia e junto com "meu Léo" adquirir maestria para, enfim, aprender o que é amar!

Assim como canções, as paixões são imortais. Por isso, leve o tempo que eu precise, eu amarei até que minha mortalidade não mais me permita. Entretanto, preciso de maestria na paciência e na devoção. Preciso ser a metade da laranja, ser a amada, a amente, a paixão tórrida de alguém. Da mesma forma, preciso amar como se fosse a primeira vez e a única e, novamente sentir o prazer de ver alguém me fazer feliz!

... Seu infinito sou eu! Sonho com isso!

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Mudar: vale a pena?

Hoje eu li o seguinte trecho: " O mundo não se beneficia do excesso de críticas da mesma maneira que se beneficia do amor. Quantas vezes você mudou por alguém que o criticou? E por quem o amou?" e me peguei perguntando quantas vezes fiz os dois. |Inúmeras! Incontáveis! E me perguntei, em seguida: valeu a pena? Não!
Digo isso que sou uma pessoa consciente de que não podemos viver camaleonicamente para agradar aos outros porque a recíproca não é verdadeira em quase 100% dos casos. A cada cicatriz, mágoa, danos psicológicos que só alguns anos de análise podem resolver. A cada mudança perdemos nossa essência e criamos uma armadura que nos impede de sermos quem somos e, pior, de enxergarmos nossos erros. Deixamos de acreditar em nós e passamos a ser uma fantasia, uma utopia, tanto para nós como para com quem convivemos.
|Então, a melhor mudança a fazer é não mudar por nada e ninguém, mas sim mudar essa mentalidade de esteriótipos que temos que ser para sermos aceitos na sociedade. Se não nos aceitarmos com todas nossas falhas, defeitos, biótipos, sexualidade, qualidades, ninguém nos verá como somos de verdade. Seremos, eternamente, um pano de fundo para a realidade e pisaremos em ovos, sempre, para não incorrermos no erro de deixarmos nossa máscara cair.