quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Um homem, uma mulher, uma saudade...




Li, recentemente, um texto de um amigo que falava que um homem, completamente tomado pelo álcool, tentava escrever uma poesia na mesa de um bar, como todo bom bêbado que se preze. Claro, caiu por sobre a mesa, acordando depois de ressaca e com uma saudade louca daquela cujo cheiro não saia de sua lembrança.

Perguntei ao meu amigo, por que os homens apaixonados, bebem para esquecer aquilo que, no dia seguinte está mais vivo e doído que antes? Quem ama, não esquece com um porre nem com mil.

Com as mulheres, acontece algo semelhante. Ela se tranca em seu quarto, seu refúgio de todos os males do mundo. Põe-se em frente a um espelho e chora. Pega fotos e rasga. Não quer nada que lembre a pessoa amada. Rasga as roupas, quebra tudo o que possa ser lembrança que tenha sido dada pelo amor que se foi. Escreve e rasga inúmeras cartas. De repente, como num surto, começa a juntar os cacos de tudo, inclusive de si, como se montando de novo as lembranças. Cola as fotos com durex e beija a foto com os lábios inundados de lágrimas. No dia seguinte, depois de chorar como louca, junta os pedaços de si e continua a vida, de cara inchada e tendo uma saudade louca daquele cujo cheiro não sai de sua lembrança.

Mudam os locais, mudam os gestos de paixão explícita, mas a dor é a mesma. As reações diferem, mas as lembranças que ficam são iguais. Um, afoga-se no álcool e outro em lágrimas, mas o cheiro e as sensações permanecem. Nenhum dos dois teve a coragem de dizer eu lhe desejo, perdão, eu lhe quero ou eu preciso de você. Isso seria ser humilhante, para alguns. Para mim, seria honesto e evitaria tanto transtorno e dor. Nenhum pensou no que o outro representa. Foi egoísta e resolveu ter, para si, todas as formas de dor desse mundo cruel. Entretanto, esqueceu-se que o mundo lhe deu o dom de refletir e pesar, de pedir e doar, de errar e se desculpar. Faltou algo muito simples e que os casais pouco utilizam, hoje em dia: um diálogo franco e aberto e, principalmente, amor de verdade um pelo outro.

O que restou? Cacos de pessoas, pedaços de lembranças, cheiros, um homem, uma mulher e muita saudade!

6 comentários:

Neuza disse...

É verdade.
beijos

EM BUSCA DA VERADE, disse...

No meu caso não bebo, me sinto vazio, sem sentimento, sem emoções, sem vontade de se alimentar. Pura depressão, Mas o tempo passa e voce usa as pedras que ficaram soltas para fortificar o seu castelo..........e voce se torna mais forte, menos vulneravel...tudo faz parte do nosso aprendizado.....

Rafael Marçal disse...

Complicado, né? Geralmente eu procuro fazer algo que me dá prazer e me faz sentir como uma pessoa capaz e realizada. Reflitam um pouco e verão que cada paixão tem uma cura diferente, hehehehe

Jaime disse...

Além de diálogo franco e aberto, tolerância e paciência. Quando as pessoas se relacionam, levam o "pacote completo" do(a) parceiro(a), com virtudes e "defeitos". Equilibrar isso não é fácil, é para poucos.

Sil disse...

Amar foge a todas as regras.
Ninguém sabe de onde vem, nem como
acontece, mas é o que dá sentido a
todos os outros sentidos da vida.
A fuga é sempre uma busca...mesmo sabendo q em nada ajudará.
O ser humano é uma eterna fuga.
Bjo

Patricia disse...

Adorei o texto!! Realmente mudam os sexos, mas as atitudes são sempre as mesmas!